Pesquisar este blog

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Uma volta no tempo...

No calor do momento em que Dilma não se sagrou eleita, mas vencedora, do primeiro turno, os ufanistas e serristas comemoraram dizendo que seria bom para o país o segundo turno. Que ambos os candidatos poderiam expor suas propostas, suas idéias, perfis, planos de governo...

Erraram feio. Veio um tal fator evangélico, melhor, fator religioso, fruto de uma polemica se dilma é ou não a favor do aborto. daí para frente, o tempo andou para trás. do nada o estado laico brasileiro se viu prestes a ser comandado pelas idéias religiosas, Serra posando de apóstolo de Cristo, Dilma se defendendo e montando uma tropa de choque para poder discutir o que realmente importa neste país, não que o aborto não faça parte, mas com certeza não é o instrumento chave deste concerto.

Esquecem os votantes que mesmo que o presidente seja a favor da legalização do aborto, das drogas, eutanásia, pena de morte, outra copa do mundo, outra olimpíada, isso tudo passa por um processo político. primeiro o projeto tem que ser feito, lido, aprovado numa comissao, ir para outras, depois para o congresso, depois senado, voltar para o congresso e por último é apreciado pelo presidente e então vetado ou não. ah, o supremo tribunal federal ainda pode decidir se o tal projeto é ou não constitucional. Resumindo, ao contrário do que os serristas pregam, dilma pode ser o que for em relação ao aborto, mas ela seria presidente de uma republica democrática, não senhora de um estado feudal.

Estado Feudal é como tratam o país, o senhor serra e seus associados. Ao invés de usar seu tempo para mostrar pq seria um bom presidente ou presidente melhor do que ela, usa toda a máquina numa campanha difamatória, sem nenhuma proposta, posando de garoto do bem, pela primeira vez sorrindo, um perfeito padre ou pastor. Por sorte saiu uma pesquisa mostrando que o brasil religioso, traduzindo evangélico, votou mais na assassina de criancinhas do que em serra, o super católico. Por mais sorte ainda, e a olhos vistos, uma das ex alunas da esposa do candidato expôs num dos maiores jornais do país que durante o exílio, a senhora Serra cometeu aborto.

Menos mal, isso foi um golpe dos bons, que tirou a iniciativa de serra. seus acólitos, como o pastor Silas, que na minha opiniao tem a visão mais limitada do que um morcego e ouvidos sem tímpanos, estão por aí fazendo seu terror medieval, instruido seus fiéis a votar por deus e não pelo seu país. como sempre digo: pq deus não deu seu depoimento ainda no programa tucano? Pq se ve pastores e padres e bispos veementemente defendendo que a abordagem tucana não é a correta? Pq até a CNBB está rachada ao meio? Sinto falta mesmo é de uma figura como Dom Hélder, que antes de tudo era um brasileiro e usava sua crença como arma contra as injustiças, não para promover uma. Não sinto falta destes religiosos de cabresto, que usam da fé e ingenuidade alheia para proveitos próprios. Se houvesse uma campanha contra a pedofilia e o mercado de fiéis, certamente muitos deles se calariam.

Bom também é que mesmo a mídia atrelada ao tucanato sair deste medievalismo, longe de dogmas e livros sagrados, e até forçar um pouco o diálogo de propostas, que diga-se de passagem só está sendo visto na reta final. Houve guerra na mídia, entre emissoras e jornais, que fizeram muitos perderem a credibilidade. Guerra santa. Isso é péssimo para nossa ainda verde democracia. É um retrocesso. É um neo-voto de cabresto. Agora não é o coronel que está ali do seu lado vendo seu voto, é uma figura onipotente, onipresente, e no momento impotente diante do uso de seu nome, e não do candidato, para decidir uma eleição. Até onde vem a mente, Deus só ajuda a escolher o papa e inspira a carreira religiosa. Nada de eleições presidenciais modernas.

Graças a Ele, talvez, essa campanha estapafúrdia e nojenta seja vencida. Não foi nada bom para o país o segundo turno. Preferi o de 2006, quando Alkmin, este muito mais inteligente que Serra, debatereu com Lula o Brasil que cada um iria fazer. Esse brasil Serrista, eleito na base da sujeira eleitoral, naõ quero para mim. Já basta o que Collor fez em 89. Eu tinha 4 anos e ainda me lembro.

Como amante da história, uma coisa posso dizer. Agora tenho idéia como era o processo político na Idade das Trevas. Espero que meu país mereça mais.

Um comentário:

  1. Ou minha memória é curta, ou eu nunca tinha visto tão baixo nível em campanhas eleitorais como estou vendo agora. Pelo menos a coisa está mais explícita do que nunca. Jogo baixo vindo de todos os lados.

    ResponderExcluir