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domingo, 10 de abril de 2011

Como um cacto

Tenho postado muito pouco por aqui, e em geral aquela coluna do Por onde anda..., mas não posso culpar tanto assim o tempo que me foi tirado para me dedicar à residência.

A bem da verdade é q faz algum tempo que estou sofrendo de um tédio mortal com o que chamo de conversa monotemática de hospital. Dei-me conta que não tenho uma boa conversa há semanas, e não considero uma ou outra ida à livraria, até por que está bem esporádico este tipo de encontro.

Incrível que só tenho conversado sobre rotina, pacientes e doenças. Quando há alguma ousadia, continuamos no tema de saúde e acho que só eu estou achando isso pelo menos árido. Tudo bem, dentro de um hospital fica difícil falar sobre ópera, mas o problema é que quando eu saio do tópico da enciclopédia médica universal, me sinto como naquela famosa cena de desenho animado quando alguém diz algo idiota ou então fica repentinamente sozinho e se ouve apenas ao fundo o cricrilar dos grilos.

Claro, houve épocas melhores. Com meu professor de xadrez, q eu chamo abertamente de meu mestre, falávamos sobre música várias vezes. Tenho amigos que são advogados, mas falamos também de futebol, do colégio, ou entaõ de alguma encrenca engraçada que um dos nossos conhecidos se meteu. Um outro exemplo recorrente é meu amigo Rafael, o que vai comigo quase sempre à livraria, e falamos um pouco de tudo. Há outros tantos referenciais, como minha namorada, que também tem conversas sobre tudo e até aquilo que eu mal domino eu faço questão de ouvir ela falando, só para não pensar em tratamentos e diagnósticos.

A coisa está tão séria, que até estou pegando abuso do seriado House. E olhe que tem episódio que mal se mostra o paciente!
Por um bom tempo, quando estas fazes mais repetitivas de assuntos chegavam, eu tinha como escapar, seja ouvindo música, lendo, escrevendo ou simplesmente buscando outros lugares mais férteis. Não sei porque, mas dessa vez isso não funciona mais e em pouco tempo acho que tenderei a uma mudez preocupante.

seja como for, talvez eu deva passar mais um tempo por aqui, mesmo que não seja tão lido assim, mas é bom acreditar que alguém está lendo e entendendo o que eu digo. É chato ficar assim. Demorará um bocado para a chuva trazer alguma fertilidade ao terreno em que estou, mas como todo bom mau humorado, eu posso virar um cacto e resistir.