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sexta-feira, 18 de junho de 2010

Seis meses depois... 13 de Junho de 2003

Seis meses que o colégio tinha acabado. Eu mal via mais meus velhos amigos. Estava isolado estudando, numa aposta maluca comigo mesmo de que não precisaria de professor nenhum para passar em medicina. Passava as tardes quieto numa mesa enorme que tinha no Mais lá em Caruaru, com meus livros e cadernos e anotações. Perdi contato com todos. Everton fazia fisioterapia em Recife, outros como Cássio, Anderson e Osmar estavam em seus cursos também. Felipe estudava no Atual, Pedro e muitos outros no Contato. Sabia deles por uma ou outra ligação ou encontro fortuito no meio da rua. No dia anterior, 12, eu estava profundamente deprimido, como todo solteiro que perdeu alguém e não tinha com quem comemorar. Até fui ao Pátio do Forró, mas não durei meia hora. Não vi nada que me agradasse por ali e me encontrei sozinho no meio daquela multidão.
O dia treze foi como outro qualquer. Acordei ao meio dia, uma da tarde estava a caminho do Mais e após algumas conversinhas, comecei a estudar. Passou o tempo e logo era noite. Não fui para casa desta vez, resolvi caminhar pela cidade. Pela primeira vez Caruaru me pareceu vazia. Fui a uma praça, na qual um ano antes eu tive alguns momentos especiais com uma pessoa e no ano anterior tive mais especiais ainda com outra, e sentei-me num dos banquinhos, para lembrar de tudo. Foi triste para mim perceber que estas duas garotas não mais estavam em minha vida.
Passei ainda por outros lugares. Era incrível como eu ficava recordando tantos bons momentos de antigamente, e até dos maus. Horrível mesmo era perceber que eu estava praticamente sem ninguém.
Chegou um momento em que decidi visitar o Diocesano. Estava no intervalo do cursinho da noite, mas mesmo assim fui à minha sala do terceiro ano e sentei-me exatamente na minha cadeira. Estava escuro, do lado de fora já chovia muito, o dia todo foi frio. Ali fiquei olhando para os lados, como que procurando os velhos rostos dos meus amigos. Ao fechar os olhos, por um instante, ouvi a risada explosiva de Everton, Osmar e Glauber rindo, Anderson e Plínio filosofando, Pedro contando as últimas novidades, Felipe e seus resmungos de sono, as meninas rindo, Karlinha, Juju e Gigi, enfim, todas as pessoas com quem um ano antes construí uma vasta e singular história.
Ao abrir os olhos, tal qual minha vida, encontrei uma sala vazia, fria e escura, sem significado aparente. Coincidência ou não, a cadeira onde eu sentava era a mesma, e tenho provas disso, que em 2001 eu sentava no segundo ano A. Nela eu escrevi "Nossos atos ecoam na eternidade", uma frase que usei sobre eu e uma pessoa. Não sabia que doeria tanto saber que tudo tinha passado e se resumido a ecos, lembranças e fotos. Era realmente triste saber que seis meses antes eu e meus amigos estávamos no topo, e que agora, eu voltei à estaca zero. Senti realmente falta deles e de tudo, até mesmo dos momentos ruins que tivemos, e não foram poucos. Seis meses antes eu era alguém, alguém de quem as pessoas lembravam, respeitavam, amavam, chamavam para as festas e gostavam de ouvir falar e esculhambar qualquer um, sendo a recíproca verdadeira.
Saí dali magoado e ferido. Não era a mesma coisa. Fui embora me molhando na chuva mesmo. Não me importava. Era até melhor, pois disfarçava minhas lágrimas. Finalmente se sentir na solidão total não foi nada agradável. Perceber que seu melhor momento havia passado, que tudo tinha acabado...
Aonde foram as festas, os risos, as piadas, os amigos? Demorei mais tempo do que imaginei para encontrar estas respostas e mais tempo ainda para recuperar o que tinha ficado nas paredes e corredores de meu colégio. Nossos atos ecoavam mesmo pela eternidade e por estes minutos e horas de alegria que tive, resolvi dedicar um tempo de minha vida a recuperar o que pudesse.
Algumas pessoas acho que perdi para sempre, outras anos depois eu consegui reverter a situação. As lembranças eu ainda tenho, mas muitas mais estamos fazendo agora...

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