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sexta-feira, 18 de junho de 2010

Meu último dia de aula no colégio em 2002





A gente já vinha sofrendo com o fim da época de colégio desde o começo do ano. Sempre que alguém se recusava a fazer qualquer coisa, dizíamos que era a última chance. Eu perdi algumas, verdade, como o dia dos namorados que era sempre celebrado, mas depois dos dois grandes desastres que eu tive, não tinha motivos para celebrar. Aproveitei o trote dos roqueiros e essa foi a única vez na minha vida que alguém me viu de bandana, óculos escuros, camisa preta e corrente no pescoço, um mini Juvenal Antena, andando por aí. Pena que ninguém fotografou, mas acho que um e outro devem se lembrar. Eu vivia dizendo tanta coisa dos roqueiros despersonalizados de Caruaru, que se vestiam exatamente desta forma, tirando a bandana em alguns casos, que muitos deles não acreditaram que eu me vesti assim. Pelo menos uma vez choquei aquele bando de... deixa pra lá.
Meu último dia de aula no colégio começou como outro qualquer. Já tínhamos nos conformado e alguns já sabiam que a amizade ia muito além dos mil muros do Diocesano. Cheguei as 7:20 junto com Pedro e já encontrei Felipe com sono em sua cadeira, que nos últimos tempos vivia mudando de lugar. Everton encontrava-se sentado na parte do meio para trás da sala, conversando com Gláuber, amigo Alisson, Eribelton e as meninas. Rômulo permanecia um obelisco, numa postura impecável sentado na cadeira. Zema (que ele não invente de me processar por colocar o nome dele aqui), do lado esquerdo da sala, ao fundo, sentado perto de Tita, conversando não sei o que e provavelmente aliviado por não mais ter que aguentar todo mundo zoando de sua cara.
Eu e Pedro nos sentamos perto de Everton e sem perceber, era a última vez que faríamos isso no Colégio. Felipe se juntou a nós, reclamando do sono, mas logo se animou quando começamos a contar as fofocas de Pedro e as loucuras que cada um estava fazendo por aí. Começou a aula, sabe-se agora lá de que, mas ninguém prestava atenção. Pedro lembrou que era a última sexta feira da gente e o clima ficou algo pesado. Milagrosamente, dois bons amigos meus na época, Anderson e Plínio, vieram se sentar perto de nós e num dado momento, todos os caras estavam juntos.
Chegou o intervalo e o nosso ânimo foi renovado. Na praça de alimentação, pegamos umas mesas, como sempre fazíamos desde o começo do ano, e começamos a cantar qualquer coisa. Uma hora, o quarteto fantástico começou a desafinada e grotescamente a cantar Don't Break My Heart, causando risos em muitos. Nós, minha turma, éramos os reis do colégio, vários césares num lugar só. A melhor turma que se viu em anos e que até hoje é lembrada por muitos professores.
Os casais ficavam mais para um lado sempre, mas nesse dia estávamos todos juntos em peso. Karlinha e Geraldo perto de Juliana e Gigi. Everton e Ângela ao nosso lado. Até eu e Clarisse, que tínhamos acabado o namoro não fazia nem dois meses, sentávamos lado a lado e conversávamos. De minha parte nunca houve mágoa, não sei da dela, mas eu nunca me senti desconfortável em estar ao lado dela.
O intervalo terminou pela última vez, mas nós não paramos. Saímos fazendo trenzinho pelo colégio, cantando e perseguindo os professores. Invadimos a aula de Veridiano e o jogamos para o alto umas mil vezes, ele sempre colocando a mão na bunda para evitar que fizéssemos exames de próstata nele. Messias, coitado, não tomou essa precaução. Nivaldo, o grande Nivaldo de quem todos sentimos saudades das aulas de Matemática, ficou espantado com a demosntração de carinho dos "abestalhados da oitava A" que ele tanto gostava de chamar. O danado gostava da gente, podia dizer o que dissesse. Finalmente entramos na sala e nos preparamos para as duas últimas aulas. A última passou lenta e não durou quinze minutos. o professor praticamente nos liberou para conversar.
Dessa vez não choramos, como sempre fazíamos nas aulas de Antônio, apenas curtíamos cada minuto que restava. Cada peróla para ser guardada e as últimas histórias para serem escritas para no futuro, como agora, serem recontadas. Glauber ia jogar uma bolinha de papel em mim e usei sua pasta para rebater, jogando todos os papéis no chão, sem querer. Cássio, ruim que só ele, viu quando jogaram em Zema uma borracha e ele, com seu reflexo poderoso, olhou para a parede, de onde a borracha tinha ricocheteado, ao invés de olhar para o outro lado. Everton lembrou que somente Neto, que tinha reprovado, e João, que no começo do ano tinha se mudado para outra sala por um desentendimento, não estavam com a gente. Mas eles ainda apareceram na porta dando xau e por um instante eu quase fui às lágrimas. Lúcio também foi lembrado, tinha ido morar em Recife logo que terminou o primeiro ano, mas mesmo assim fez questão de ir para a nossa viagem à Fortaleza e ficou conosco no quarto. Lembramo-nos também de professores que tinham saído no fim do ano anterior e que sempre tinham seus nomes vivos em nossas mentes. Quem não se lembra das aulas de Química com Alf e Jairo Queixão, ou então Biologia com a estressada Mazé e Catarina, os cabelos de samambaia de Cátia e de Mário Jorge ensinando Termodinâmica?
O sino tocou, sino não, alarme mesmo, pela última vez para nós e eu até hoje me arrependo de não ter cumprido a promessa que fizemos de destruir ele. Ainda deixamos nossas marcas e nas paredes da sala: quebramos uma delas! Era feita de um material doido lá, dizíamos quer era papelão com gesso, sei lá.
Pela última vez saí de minha sala. Não voltaria mais para aula, somente para as provas, mas não era a mesma coisa. Passando pelos corredores, ouvi ecos de outras épocas e senti pontadas e mais pontadas no coração ao lembrar de algumas pessoas. Lembrei-me de como um ano e meio antes uma garota com quem eu acabara de começar um relacionamento foi me ver para se despedir, já que não morava nem em Pernambuco. Lembrei-me de outra que conheci tempos depois e por quem me apaixonei também. Lembrei-me de vários momentos hilários de cada turma, desde a sexta A até o terceiro ano A.
Passamos ainda um bom tempo do lado de fora conversando e cada um foi indo para a sua casa. Os planos ficaram para o futuro. Começava a fase dos vestibulares e faculdades. Tudo estava mudando. Tudo já estava mudado. Saudades daqueles tempos que não voltam mais. Pelo menos, temos as partidas de uno e sempre me sinto como naqueles dias...

2 comentários:

  1. caralho vei me arrepiei aq c cada historia e chorei pra cacete amo todo mundo do saudoso 3ºano "A"mizade

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  2. POxa amigo! Que memória! Sinto muito saudade daquele tempo! Bons tempos!

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