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segunda-feira, 30 de maio de 2011
Caruaru 2057 - parte 1
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Aarão Barreto, o Único
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domingo, 22 de maio de 2011
Pede pra c@%&@$ e SAI!!!
Sinceramente, chegou ao limite da besteira o lento rubens. Incrível mesmo, pois depois de 20 anos na categoria, tendo por 2x o melhor carro do ano e por N vezes se submetendo e até virando segundo piloto de seu ex-segundo piloto, barrichello continua a dar desculpas e não resultados.
Hoje foi o dia dele dizer: "Do jeito que esta nova F-1 está, infelizmente favorece os melhores carros a chegarem na frente e os piores carros, atrás". Deus meu... Isso é a conversa de quem não tem nem mais cara de pau de dar desculpas. Pelo que me lembro, na fórmula 1 a matemática para uma boa corrida era: treinar bem, ter um bom carro, estratégia e, principalmente, como diria Galvão, aquela peça importante entre o volante e o banco, chamado de Piloto. Alguém aí lembra das grandes vitórias da Minardi, por exemplo? Carro ruim, pneu ruim, piloto ruim, estratégia ruim. O problema de Barrichello por algum tempo foi carro, mas e quando ele estava ao lado do grande Schumacher quando a Ferrari conseguia dominar de canto a canto o campeonato? Ele "abriu" para o alemão e ao invés de se calar, reclama até da lua que estava fazendo do outro lado do mundo.
Eu sou um dos sortudos que teve a chance de ver Senna e Prost duelando, Schumacher tirando leito de pedra naquela Ferrari inferior às McLarens e Williams. Era uma época mais dífícil e até perigosa, mas pilotos vencedores só podem reclamar de uma coisa: não terem sido melhores ainda. Para o lento Rubens, o mais importante é usar o universo contra si, como se todo mundo não achasse uma sacanagem isso dos pneus, difusores, asas retráteis, sistemas hidráulicos, combustível e até chuva. Como ouvi dizer um dia, para quem só tem martelo, tudo é prego. Para ele que só tem uma lista de fracassos, tudo é desculpa.
Acho que está na hora do Decano dos Pilotos pendurar o macacão e se dedicar a escrever suas memórias ou fazer uma equipe de safety car. Para este motorista, que não tem mais o que dizer, digo: pede pra ... e sai!
E que venha a próxima corrida, para que uma porcaria de jogo de pneu fazer a diferença de novo.
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Aarão Barreto, o Único
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domingo, 15 de maio de 2011
Bom o tempo que eu via todos os dias meus mestres...
Faz quase um ano que terminei a faculdade e quase 10 que terminei o colégio. Claro que depois de tanto tempo, a pessoa muda e a história de cada um o leva a diferentes lugares e situações, mas comum a qualquer pessoa há a capacidade, embora nem sempre usada com propriedade, de voltar um pouco no tempo e sentir saudades daquilo que era bom.
Relembro este tempo que já passou pois descobri que sentia mais falta dele do que imaginava, pelo menos falta de certos aspectos e pessoas. Fui recentemente para uma palestra no Memorial de Medicina, lugar muito pouco frequentado pelos jovens cuidadores de hoje, e minha grande ansiedade não era por já estar cansado e com sono, pedindo cama, ou ter muita coisa para estudar e muito menos o teor das palestras. Não, isso não passava por minha mente, embora os olhos estivessem difíceis de se manterem abertos e as pernas não reclamassem tanto de estarem em repouso.
Era um palestrante em especial que me motivava ir para lá, muito mais do que aquela necessidade idiota de mostrar serviço e comprometimento para alguém que está ainda no começo da residência. Foi um professor meu da faculdade, professor de Semiologia, que não ensinou apenas anamnese, exame clínico e algumas doenças importantes. Sua forma de nos tratar e tratar os pacientes trouxe a todos um aprendizado muito maior do que livros. Lembro-me de ter lido um conto em que um dos trechos dizia: Ele é feito livro, não aprende nada, apenas passa informação.
Não, esta frase não se aplica a meu saudoso mestre, mas a outros que nunca terão dada por mim esta alcunha. O homem ensinava e aprendia, e, talvez dentre todos os professores que tivemos na faculdade, foi o que mais se destacou, sendo uma unanimidade. Outros podiam ter excelência superior, mais cabelos brancos e títulos, podiam ser didáticos, mas este em especial nos fazia sentir aquilo que não é tão fácil ser na medicina: colega.
Durante sua palestra, da qual confesso que não lembro muita coisa, senti-me de novo um estudante ainda verde de tudo. Talvez, se entrasse naqueles momentos reflexivos açucarados, poderia me ver de novo na faculdade junto à minha turma, prestando atenção a uma aula que já devia ter sido dada várias vezes para outros antes de nós. Seja como for, foi reconfortante vê-lo outra vez e lembrar de onde eu estava e onde cheguei e ter a certeza de que ainda o chamarei de mestre.
Voltarei mais no tempo para o colégio, onde tive o privilégio de ter certas pessoas como meus professores e amigos. A um deles, por exemplo, devo todo o conhecimento que tive de História do Brasil. Outro me ensinou religião, mas não me jogou a cartilha católica pelos ouvidos e goela abaixo, mas me fez acreditar que há pessoas boas e que é aí que estar a arte de ter fé. Claro, há mais idiotas no mundo, mas pelo menos a maioria é do bem. Outro ainda me ensinou uma Geografia que não fazia tendência cega a partidos, siglas ou orientações de trânsito. Mais outro, chamei de Meu Mestre e até hoje é um de meus melhores amigos.
Nestes tempos, eu não sabia ter a sorte imensa de poder encontrar com estas pessoas casualmente, esbarrar num corredor, poder a qualquer momento tirar uma dúvida ou testemunhar um evento histórico. Quando houve, por exemplo, os atentados ao WTC em 2001, um destes professores de colégio saiu correndo pelo corredor e escadas abaixo para ver as cenas que o mundo não acreditava ver. Podia ter me mandado para a sala de aula, pois eu estava do lado de fora ouvindo a notícia que meu amigo me passava por celular, mas chamou-me para também assistir e não perdoou que eu começasse a fazer perguntas. Era algo grande demais para ser respondido de imediato e nunca esqueci disso.
Hoje, cercado por estas boas lembranças, sinto que faltam-me novos mestres, novos nortes, mas posso ter a certeza, e espero que eles também, que tanto eu quanto outros que vivenciamos tantas coisas boas e ruins, temos até hoje a sorte de olhar para trás e ver se a bússola que nos deram nos aponta ainda o mesmo lugar.
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Aarão Barreto, o Único
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sábado, 14 de maio de 2011
A Amnésia Distorcida do Peão de Xadrez
Não sou nem quero ser psiquiatra. Claro que os respeito como profissionais e pessoas, mas não é um campo que me traga muito interesse, porém como contraditório que sou em alguns pontos, várias vezes me vejo criando teorias do campo da mente para explicar o comportamento daqueles que me cercam.
Recentemente cheguei à conclusão de que no vasto campo do conhecimento humano, o campo da área de saúde sofre de um peculiar distúrbio de memória. Trata-se, analogicamente, do que um peão de xadrez diria.
O peão, como espero que saibam, é aquela peça pequena que fica à frente das demais, anda apenas uma casa por jogada, toma as demais de lado com progressão para a casa da peça capturada, é promovida a outra peça automaticamente ao chegar na primeira casa do tabuleiro adversário e, mais característico, não anda para trás. E, se pudesse falar, usando como base de seu raciocínio suas habilidades natas, diria:
-Sempre fui fundamental ao jogo, dominava o centro do tabuleiro, defendia as outras peças, não tinha um ataque em que eu não fizesse parte. Os outros deixavam tudo comigo, para decidir o mais importante do jogo, se era atacar o rei e arriscar o mate em 22 lances, que por sinal só eu sabia, ou se era me arriscar num plano intricado para capturar a rainha e detonar toda a defesa em 21 lances e ter um mate nos dois lances seguintes.
E, já promovido a outra peça, uma rainha, por exemplo, se viraria para os demais peões, pobres coitados que estavam lá atrás:
-No meu tempo de peão, vocês não seriam peões. Eu nunca errei como peão e quando errava era pq a luz da sala atrapalhava meu jogador, mas eu não tenho nada com isso. Vocês nunca entrariam numa competição do nível que eu participava, não aguentariam um torneio de praça com velhos gagás todos em estágio terminal de Alzheimer.
Isso, claro, diria ao ver, do longo de sua experiência, um erro que seria grosseiro, mas compreensível dada a inexperiência dos demais. O grande problema é que, estando num estágio posterior, esqueceu que um dia foi um peão, e se foi, era o melhor de todos. Caía o rei e eu não caía, seria seu lema.
Pior, não seria apenas quando no formato de outra peça que diria isso. Bastava estar uma casa À frente de seus demais companheiros, o discurso seria o mesmo, sendo aquele que está na segunda casa, ou seja, antes de dar seu primeiro movimento, que sofreria com a amnésia distorcida de todos os que estão mais adiante. Infelizmente este é o clima que vejo se repetir várias e várias vezes na medicina.
Incrível como o chefe foi o melhor dos médicos e o melhor dos residentes. Incrível como o r3 foi o melhor r2, o r2 o melhor r1, o r1 o melhor dos internos, o interno o melhor dos acadêmicos. O acadêmico, o melhor vestibulando.
Basta alcançar o próximo nível, ou casa, que seus erros são apagados automaticamente do parco registro da história da humanidade. Suas habilidades, por outro lado, são aumentadas e ninguém parece se importar que, em relação há 30 anos atrás, temos muito mais recursos e mais diagnósticos a dar. Sou da opinião de que só se pode realmente criticar alguém se houver uma base comparável para o argumento.
Vejam bem o que quero dizer com isso: não posso dizer que os pesquisadores de hoje são piores do que Alexander Fleming por que não conseguem fazer antibióticos tão revolucionários quanto a penicilina. Não tiro o mérito de ninguém, mas hoje em dia vc passa anos e anos tentando entender um mecanismo ainda não testado e outros tantos para tentar fazer um teste com um rato e depois ir para seres humanos. Não é só uma questão de rigor ético maior, mas simplesmente a ciência avançou de uma maneira tal que o próximo passo fica sempre mais difícil e complexo.
Agora, se chega um colega meu que terminou a mesma residência que eu há, digamos 4 anos, no mesmo hospital e me disser: Olhe, não reclame que a tomografia demorou 3 dias para ser marcado, no meu tempo, eu tinha que esperar 10 dias. Excelente, com uma dessas eu pararia de reclamar e tentaria melhorar ainda mais o que temos. O tempo entre mim e meu colega é tão pouco que não houve grandes revoluções ou uma melhora tão expressiva, portanto ele tem uma base de comparação para me dizer que eu estou sim errado.
Para aqueles que há 30 anos eram estudantes de medicina ou residentes, tomografia era coisa altamente difícil se não impossível de conseguir, não se tinha metade dos antibióticos de hoje, muito menos o nível de complexidade que cada diagnóstico traz. Como daqui a 30 anos, minha medicina será jurássica, verdade. Entretanto, vale uma tentativa para ao invés de nos gabarmos somente das partes boas e fazer das ruins adversários que, pelo discurso, nós fazemos serem risíveis, tentarmos fazer disso um ensinamento de valorização para os mais novos e não um desestímulo. Digo desestímulo com tranquilidade, pois uma pessoa que simplesmente diz que era o melhor do seu tempo e não oferece uma alternativa para os demais serem os do seus, está enganado quando pensa que ajuda.
O peão de xadrez é peça fundamental e importante, mas esquece que um outro peão o defendia, assim como tinha por perto um cavalo ou bispo que o defenderia em um lance se fosse ameaçado. E outra, peões caem aos milhares, enquanto rainhas e torres são poupadas e usadas com um cálculo monstruoso.
Gostaria de saber o que seriam dos chefes sem seus sub-chefes, seus residentes, seus internos. Se os mais graduados sempre foram os melhores, imbatíveis, invencíveis, perfeitos, como ficariam um só dia sem a base da pirâmide? O que o peão de xadrez não pode ver, até por que não tem o hábito de olhar para trás com bons olhos, é que ele só está a frente pelo simples motivo de que há todo um exército com suas qualidades e limitações lhe apoiando e esquece que o objetivo é manter o rei a salvo, ou o paciente, e no fim do jogo, ele pode até dar a vitória, mas chegará alguém que dirá com toda a propriedade de um bom analisador:
-É, o peão promovido a rainha venceu o jogo, tudo bem, mas queria ver se aquele bispo que estava apoiando ele tivesse ido embora, se seria assim. Sozinho, seria apenas mais uma peça a ser perdida
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Aarão Barreto, o Único
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