A greve dos residentes de medicina que já dura mais de duas semanas perde o fôlego a cada dia em pernambuco. coagidos por ameças e indiretas de seus chefes, um a um os residentes vão voltando aos serviços, deixando como justificativa para seus colegas que ainda lutam a necessidade de cuidar dos pacientes. tudo bem, não discordo que os paciente poderiam ser lesados, mas este não é o fato. este apelo não é apenas jogo baixo, como também prejudica a todos. os residentes trabalham pelo menos 60 horas semanais, estão não só atendendo pacientes, mas fazendo um bem às instituições, pois oferecem uma mão de obra especializada, que está sempre em aperfeiçoamento, e a retribuição é, na melhor e mais conservadora das hipóteses, mesquinha.
condições péssimas de trabalho, superlotação, falta de tempo, e preceptores muitas vezes mais despreparados do que um pobre doutorando do nono período recém ingresso no internato. esta é a realidade que muitos enfrentam, quando não é pior. suas reivindicações, que não param apenas na questão do aumento da bolsa, e não salário como a mídia gosta de chamar, passam por estes problemas.
Infelizmente, como é lugar comum no Brasil, muitos colegas e preceptores não tem um pouco de sensibilidade e caráter para entender o movimento e usam de todos os artifícios que têm a mão para minar seus esforços. há lugares que são exemplo, como um hospital escola em que os preceptores estão indo todos os dias ver os pacientes, mantendo a maioria dos ambulatórios e muitos me disseram que o serviço não parou por conta da greve. sim, não são só os médicos residentes que podem cuidar dos pacientes, seus preceptores, que por sinal são médicos, poderiam fazer isso também. Muito mais honrada esta atitude do que ameaçar seus residentes de processo ético no conselho de medicina. Pergunto-me se é ético combater os que querem melhores condições de trabalho e ensino. Claro que não, e respondo a uma pergunta retórica minha simplesmente por um motivo: a coisa é tão absurda que é melhor dizer tudo repetidas vezes para ver se algum desses chefes intolerantes entende.
Estou agora estudando para tentar entrar nesta seleta classe, mais seleta do que a que estou no momento, e além de querer um serviço de referência, bom, com preparo para me preparar, gostaria que quando outra vez fosse reivindicar meus direitos, não me sentisse um fora da lei, violando os princípios pelos quais prestei um juramento e ainda por cima, vendo aqueles que eu deveria ter como referência se comportando como imbecis.
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