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quarta-feira, 30 de novembro de 2011

A maior de todas as lendas do colégio: Thiago B.

-Era sexta série, começo do ano. Eu estava lá sentado na minha quando chega Everton e me chama para conhecer um cara que estudava lá na sala. AO lado deste ser desconhecido, estava Antônio, com quem eu já tinha algum contato desde o ano anterior, e foi ele quem nos apresentou:

-OA, esse é Thiago B.
-E aí? - disse eu com a eloquência que a idade me permitia
-Olá, muito prazer, meu nome é Thiago, espero que sejamos bons amigos - disse ele como MillHouse

Eu e Everton estranhamos e fiquei na dúvida se devia ou não apertar a mão da figura. Foi então que Antônio, o mais delicado diplomata desde Gengis Kahn, deu um empurrão nele e disse:

-FRESCURA! FALA FEITO HOMEM! " E AÍ, PORRA!"

Daí que Thiago ficou sendo parte de nosso grupo, servindo basicamente para os momentos de alegria, por assim dizer. O cara era um santo, inteligente, mas não tinha como não tirar onda da cara dele. Lembro de uma vez que só pelo simples fato de uma bolinha de papel jogada lá do fundão da sala ter atingido a cabeça dele tivemos mais de meia hora de risos. Outra, foi a cadeira, que virou sua inimiga. Era aula de professor Heleno. A gente estava rindo de uma das histórias em quadrinhos que Antônio desenhou quando o homem deu uma baita bronca em nós. Daí que Thiago olhou para trás e ficou rindo. Foi o bastante. Quando o professor chamou o nome dele, empurramos com toda a força a cadeira e ele saiu de sua confortável quarta posição na fila para perto do quadro a 200km/h, fazendo seu famoso grito:

- ÔÔÔÔÔÔÔÔÔÔÔÔÔ!
-VOCÊ - GRITOU O PROFESSOR APONTANDO O DEDO PARA ELE, O DO MEIO, DEIXANDO TUDO MAIS ENGRAÇADO - VOCÊ ESTÁ BRINCANDO COM A CADEIRA! QUE CONVERSA É ESSA?! SE OLHAR PRO LADO, FICA SUSPENSO!!!!!
-mas foi a cadeira! Os meninos...
-A CADEIRA VIROU SUA INIMIGA?! OLHE PRA FRENTE NA AULA!

Thiago passou a aula toda olhando pra frente, mesmo que vez por outra uma bolinha, lapis, borracha, tapa, ou empurrão na cadeira ou mesmo tiro de rifle. Dias depois, aconteceu a história, não menos lendária, "girada na cadeira". É simples. Estávamos vendo quem conseguia inclinar a cadeira o máximo de tempo possível com Thiago sentado nela. Até que ele se descontrolou, disse que não queria mais e tentou se levantar. Nisso empurramos a cadeira, pq Everton, que a segurava acabou soltando devido ao frevo que nosso amigo fez, daí que aconteceu o que a Física até hoje não explicou: ele deu uma votla de 360º, sentado na cadeira, gritando:

- ÔÔÔÔÔÔÔÔÔÔÔÔÔ!

Tempos depois, inventou Zema de ir brigar com ele. Era engraçado. Foi no intervalo e até hj ninguém entende, mas um queria bater no outro. Problema é que Thiago mal tinha força para dobrar um papel no meio e Zema tinha os reflexos de uma ema em coma. Somente em cavaleiros do zoodíaco eu vi um cara ir dar um golpe e sofrer mais com ele do que o adversário. Foi o murro que Thiago foi dar, tão errado na pontaria que Zema nem precisou se esquivar. Daí que ele caiu com sua própria velocidade a impusioná-lo. Foi direto ao chão.

Teve o dia que estávamos na casa de um dos colegas jogando videogame e a prova era de 10h no colégio, cerca de uns 20 minutos a pé de lá. Eram 8:50 e sem querer dissemos a hora errada para ele, adiantando em 1h. Pensando que não chegaria a tempo, ele largou o controle remoto, saiu correndo escada a baixo com a calça folgada querendo cair e não ouviu que a gente gritava que era a hora errada. Sem celulares na época, nos demos por vencido. Quarenta minutos depois, saíamos de lá e encontramos o coitado ainda exausto, ofegante, E RECLAMANDO, pq não corremos atrás dele:

-Tu que sai correndo feito uma gazela e a culpa é da gente é? - protestou Antônio.

Talvez uma das que ninguém lembre foi ele preso no banheiro do Atacadão, aqui em Recife. Vínhamos numa excursão e lá sempre era a primeira parada. Ele disse que ia ao banheiro e simplesmente não voltou. Foi então organizada por nós uma busca e lá estava a figura, batendo na porta do banheiro:

-NEEEEEEEEEETOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO! ME TIRA DAQUIIIIII!!!!!!!!!

Sim, o tiramos, e ele passou o resto da viagem dizendo que não teve medo nem nada. Claro que acreditar que suas lágrimas vinham de uma crise de espirro foi extremamente difícil. Naquele mesmo dia, com a sorte grande que tinha, na montanha russa, soltou-se o dispositivo que o prendia à cadeira, logo antes do primeiro morro. Eu estava ao seu lado e ele gritava:

-EUUUUUUUUUU VOU MORREEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEER!

Pior era que Everton e Antônio estavam logo na nossa frente, gritando que iam vomitar. mentira, claro.

-NÃAAAAAAOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO! EU QUERO SAIR!!!!
-Pula então! - gritávamos juntos.

o que tornava o cara único, além de seu azar, é que ele estava por perto quando o que virou padrão nos anos seguintes nasceu. As bolinhas de papel. Os aviões de papel. As primeiras festas, o judô, competições, rivalidade com as outras salas, professores históricos, e a bagunça de forma geral. Sem contar que ele era um bom amigo. Antônio era o mais próximo a ele. Moravam perto um do outro e Thiago foi o primeiro de nós a ir com alguma regularidade passar as tardes na casa dele. Antônio sempre contava:

-Dava uma e meia, vinha lá de cima da ladeira aquele barulho "rec rec rec rec", as sandálias havaianas de Thiago arrastando no chão. Depois ele esbugalhava os olhos, e batia no portão "NEEEEEEEEETOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO". Aí o cachorro latia e eu ia abrir a porta, Thiago tava do outro lado da rua pensando que eu ia soltar o bicho nele.

Foi só um ano que ele passou com a gente, mudou-se para Recife na sétima série. No fim da oitava, depois de contatos breves, eu estava escrevendo uma de minhas clássicas historinhas: O RETORNO DE THIAGO B., quando o cara me liga e diz que está indo lá em casa. Everton e Antônio ficaram sabendo na hora e passamos uma tarde inteira rindo dele e com ele. O homem queria reescrever a história a seu favor, mas nunca deixávamos.

Mais dois meses depois, veio o são joão e ele apareceu. Foi de bota e camisa xadrez para o pátio do forró. Sem saber andar com elas, caiu umas três vezes no chão.

A última vez que o vi, naquele mesmo ano de 1999, um dos melhores da história da sala, ele foi fazer uma visita rápida. Eu e Antônio não estávamos muito a fim de tirar onda com ele, ficamos conversando tranquilos. Ele, vendo nossa passividade, resolveu ele tirar onda e passou a tarde dizendo histórias ridículas sobre nós. Antônio, que não era flor que se cheirasse em especial comigo e Everton por perto, logo pegou aquele AR. kkkkkk Thiago usava um boné, antônio estava mascando chiclete. Fomos até a praça de taxi acompanhando-0. Ele ao apertar minha mão, deixou o boné com Antônio. Cumprimentou o velho amigo e pôs o boné na cabeça. Entrou no táxi e foi indo embora. Botou a cabeça para fora da janela e acenando com o boné gritou:

-EU VOLTO! - daí que sentiu o chiclete e completou - VAI PRUMA MERDA NETO!!!!!

Depois de rirmos um bocado, ele me perguntou:

-Acha que a gente vê ele quando?
-Sei lá, acho que vai demorar.

Vão-se 12 anos...

2 comentários:

  1. Poxa cara,

    Histórias lendárias da nossa juventude, se não for a nossa melhor época de vida. Pelo menos pra mim posso considerar como sendo. Boas lembranças Aarão nem American Pie teria roteiro parecido. Abraço e saudades de todos, porém, tomem cuidado. Eu envelheci mas permaneço com o mesmo espírito de antes rsrsrsrsrs...

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  2. vc ganhou uma fã instantaneamente.... sempre pensei em escrever minhas memórias do colégio.... achei brilhante principalmente os posts sobre caruaru, sou caruaruense e adorei a forma que vc tratou de algumas questões sem denegrir a imagem da cidade ou falar mal d alguém... adorei seu blog já está nos meus favoritos.. bjs IZA BARTENDER

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