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terça-feira, 1 de março de 2011

Um ano de jóias no cinema


Disse já muitas vezes aos meus conhecidos: faz anos que não me empolgo com o cinema ou as premiações do Oscar. O lobbie que muitos filmes e artistas fazem para serem indicados e por fim vencerem deixou um tom apático e sem nenhuma inspiração na década passada.

Digo isso pois se bem me lembro, somente Morgan Freeman, em Menina de Ouro, e os prêmios de Gladiador me fizeram aplaudir as escolhas da Academia e, por que não dizer, do público. Foram sim em nome da arte, da carreira, de várias performances e uma qualidade inegável. Dou estes exemplos, aliados e Uma Mente Brilhante, de momentos que me fizeram desejar que alguém no cinema me dissesse: Ei, pode ficar pra próxima sessão e ver de novo.

Não sou um especialista, mas acredito que quando se dá uma premiação, se dá para o melhor. Claro, há anos atípicos, em que realmente se garimpam por meses boas atuações, direções, roteiros e filmes, mas em geral deixa-se que os bons passem desapercebidos e caímos na tentação de ir várias e várias vezes para aquela mega-produção. Isso leva um efeito para baixo, deixando a mediocridade tomar conta, os bons atores desfrutando de outros papéis, como Tom Hanks, que já não aparece tanto na tela e está feliz como produtor, ao lado do bom e velho Steven, há muito parado de seus maravilhosos filmes.

Este ano de 2011 foi atípico em relação aos últimos 10 ou 15 que passaram. Tivemos bons filmes, bons mesmo, que reavivaram o título de sétima arte que o cinema carrega. Tão bom foi o nível, que se o Rei George VI perdesse para uma bailarina ou para um universitário, eu poderia até ficar um pouco chateado, mas diria: são boas escolhas também. Muitos já eram dados como certos e tiveram meses para ensaiar seus discursos, mas raras as vezes vi categorias tão disputadas. Lembro-me que no ano em que O Poderoso Chefão concorreu, tinha Manhattan e Touro Indomável no páreo. Outra vez, na categoria de melhor ator, Rex Harrison e Antony Queen tiveram um embate emblemático de prêmios e votos pelo mundo afora.

Foi um ano em que velhos mitos renasceram. Do anti-herói, do herói apático, do herói forjado. O Rei, tal qual o filme daquele lutador de boxe que ninguém dava um pingo de valor, saiu aclamado. Disseram-me uma vez que quando viram Rocky Balboa no cinema da primeira vez, tinham a impressão de ser o filme de um derrotado, mas no fim todos vibravam por e com ele. Assim foi o melhor filme do ano. Também me admira terem usado Beethoven como trilha sonora do clímax da história, e tenho certeza que em algum lugar ele aprovaria.

A música também esteve presente junto à dança com outro excelente filme, que foi montado todo para dar a Natalie Portman a chance de mostrar alguma genialidade de interpretação. Ela domina suas cenas, faz a câmera a seguir, a platéia a ficar atenta.

Poderia comentar os demais, mas não me acho à altura. Estou feliz por poder ficar estas semanas tendo escolhas no cinema, podendo ver bons filmes e revê-los. Sentir um pouco do nervosismo passado pelos atores, o drama de se sentir sozinho, a loucura, os risos e até mesmo os momentos de triunfo pessoal. Espero que daqui em diante, possa olhar para este ano que passou e dizer que foi quando o cinema finalmente resolveu produzir de novo jóias, pois para mim, chega de bijouteria.

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